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Memórias da Imperatriz

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A “Mãe dos Brasileiros”, nossa terceira imperatriz: D. Thereza Christina Maria de Bourbon-Duas Sicílias sempre esteve ligada à escrita. Dona Thereza Christina escrevia cotidianamente. Cartas, diários e seus cadernos eram os principais meios que ela utilizava para registrar suas impressões, seja de si própria, seja do dia a dia no Palácio de São Cristóvão e, também, de suas viagens, principalmente em relação ao exterior.

Imperatriz Thereza Christina, em 1876 – Joaquim Joaquim José Insley, Coleção Princesa Isabel: Fotografia do século XIX. Rio de Janeiro: Capivara, 2008. .

É através de seus diários e cadernos que os historiadores e pesquisadores conseguiram traçar mais especificamente a personalidade e o cotidiano da Imperatriz consorte do Brasil. Como ela escrevia constantemente, o material revela seu crescimento e evolução das fases de sua vida, como jovem esposa do Imperador, soberana e mãe. Sua chegada aos trópicos, momentos de alegrias e tristezas, o crescimento do Império Brasileiro e as crises pelas quais passou, também não são tratados de forma indiferente pelo punho da “Mãe dos Brasileiros”.

Interessada pelos fatos nacionais e internacionais, apesar de sua conhecida discrição em relação a esses assuntos em público, de seus cadernos e diários esses temas não eram comuns de se escapar. Sua opinião, muitas vezes, estava explicada nesses escritos, mas pouco se conhecia dela o público em geral. As pesquisas debruçadas sobre seus textos mostram um lado da Imperatriz um pouco desconhecido em tempos passados. Errou quem acreditou que ela era alheia aos acontecimentos ao seu redor e além. Percebe-se, agora mais claramente, sua dedicação e conhecimento a situações políticas de seu tempo. Abaixo, podemos ver algumas passagens transcritas de seu diário sobre a Guerra do Paraguai.

27-08-1867 – Esta manhã chegou a notícia do Sul que a esquadra passou pelo Curupaituy e bombardearam Humaytá.
5-12-1868 – Esta manhã embarcaram 600 (praças) pelo Rio da Prata no navio Isabella, também foi o chefe da esquadra o conselheiro Joaquim José Inácio, que foi nomeado para substituir o visconde de Tamandaré no comando da esquadra na operação contra o Paraguay.
21-01-1869 – O imperador em minha presença deu-lhe a medalha di honra na campanha e fez questão que eu a colocasse no peito do marquês.

Anno 1868
Janeiro
Fomos ao arsenal da marinha para ver dois vapores que estão sendo construídos, 7 de Setembro e outro menor Lamego. Depois andamos na Ilhas das Cobras para ver lançar ao mar o monitor Piauhy, depois fomos a bordo. Augusto veio esta manhã de propósito para assistir aquela festa depois partiu para Petrópolis.

Manuscritos de Carta ao Conde D’Eu (Arquivo Histórico do Museu Imperial) 

Parte dos escritos de D. Thereza Christina é em italiano, outra parte em português e não era incomum um pouco da mistura dos idiomas em seus diários e cadernos.

Thereza também escreveu com entusiasmo em suas viagens ao estrangeiro. Como esposa de D. Pedro II, por vezes o acompanhava em viagens pelo Brasil, mas dessas viagens escreveu muito pouco. É de conhecimento geral de que o Imperador tinha seus cadernos e cadernetas, além de diário, nos quais escrevia sobre os lugares que visitava, anotando características dos locais, suas opiniões e pensamentos a respeito deles, informações técnicas, etc. Famoso, por exemplo, é seu diário de viagem pelos Estados Unidos da América. No caso da Imperatriz, nem sempre seguia o mesmo ritmo do Imperador e, por vezes, suas obrigações eram diferentes das dele, visitando lugares diferentes na companhia das pessoas mais íntimas a ela, inclusive suas damas.

A Diário da Imperatriz Teresa Cristina, 1870. Foto de Rodrigo Félix.

Em seus cadernos de viagens, encontramos muitos relatos. D. Thereza viajou três vezes à Europa excluindo o tempo de exílio. Duas vezes na década de 1870 e uma vez na década de 1880. À época de sua primeira viagem, escreveu a Imperatriz:

Nossa viagem do Rio de Janeiro à Europa no ano de 1871
Partimos no dia 25 de maio no vapor inglês Il Doro às 9 da manhã minha filha Isabel e Gastón, e diferentes pessoas vieram nos acompanhar sobre o vapor direto para a fortaleza S. Cruz.

14 de agosto
Depois de uma hora de viagem de Gand chegamos a Anvers e as 6 e meia chegamos em Escaut. Em Anvers depois de um trajeto de 5 minutos chegamos a S. Antonio partimos de carruagem e fomos ver a cidade onde vimos a estátua do Rei Leopoldo e Van Dick.
Um dos principais motivos dessa viagem era buscar os netos após a morte de D. Leopoldina, segunda filha do casal imperial. Ao chegar novamente ao Brasil, em 1872, os dias com os netos passaram a ganhar especial destaque nos escritos de D. Thereza.

Julho
26 – Esta manhã as 8 e meia veio Augusto com os pequenos {Pedro} e Augusto, as 9 horas partio Augusto, os pequenos não tiveram a impressão que pensei. As 10 e meia se ouvio as salvas das fortalezas. Toda a manhã estiverão meus netos com migo. Lerão com o imperador em Portuguez. De 2 horas até a 4 ficarão no seu quarto. As 4 jantarão e só depois vierão no meu quarto. Forão passeiar na chácara, na volta estiverão no meu quarto até as 8 horas que foram dormir. Pacheco não veio.

27 – Os pequenos passarão bem a noite as 7 tomarão o primeiro almoço depois forão passeiar. Na volta estiverão aqui com nosco, as 7 forão para o quarto e nosco {consoco} para o theatro.

Não veio.
31 – Forão passeiar de manhã e também ao meio dia. Gustytossio de noite. Pranzo per il di natalizio dell’Imperatriche Amelia. Fummo Allá filarmônica. Isabella e Gaston não furono.

Em sua passagem pelos Estados Unidos, no ano do centenário da Independência americana, a Imperatriz também deixou vários relatos, alguns bem detalhados, como, por exemplo, o do dia 10 de maio, na abertura da Exposição Universal na Filadélfia:

Hoje foi a grande festa de abertura da exposição, as 10 chegamos ao pavilhão da exposição. Dirigiram-se o imperador, o visconde do Bom Retiro, o ministro brasileiro e o secretário em uma carruagem, eu, D. Josefina, a esposa do ministro e De Lamare outra {…} Eu estava a direita perto da esposa do presidente que não fala inglês, atrás estava a esposa do ministro Fich muito amável e fala francês. Esperou-se a chegada do presidente para abrir a exposição. Ouvi diferentes discursos antes do presidente que não se pode ouvir falando baixo. Terminado tudo começou a visita a exposição eu caminhando de braço com o presidente, o imperador com a presidente o presidente dava o braço ao presidente da exposição. Eu quase não falei nada porque eles não falam inglês. Vimos o grande pavilhão da agricultura e máquinas terminado, isto é o presidente e todos partiram e nós domos a pé ao pavilhão das Senhoras. O caminho era péssimo cheio de lama. Depois retornamos ao hotel e meu marido continuou o seu giro pela exposição. À noite ficamos em casa [espaço em branco] onde está hospedado o presidente para uma reunião em trajes de corte e decotes e diamantes. Todos permanecemos em pé toda a reunião {ilegível}. À noite vieram me visitar Mr. Okelly as 6 o Ministro espanhol, esposa e secretário e a esposa do ministro inglês.

À esquerda: Fragmentos dos diários de Teresa Cristina. Arquivo Histórico do Museu Imperial. Foto de Rodrigo Félix. À direita: O último diário de 1887, Arquivo Histórico Nacional. Foto de Rodrigo da Silva Félix

Vale lembrar que foi nessa exposição que D. Pedro II teve o contato com a invenção de Graham Bell: o telefone. Mesmo com o imperador tentando usar apenas o nome de “Pedro de Alcântara” ao longo de sua estadia pelos Estados Unidos, para despistar os holofotes, já que estava viajando mais como turista do que como Imperador, foi impossível esconder isso na Exposição Universal. Ele e a Imperatriz acabaram se tornando uma das mais populares atrações do evento.

Seriam muitos os exemplos de escritos da terceira imperatriz do Brasil, portanto, percebe-se sua íntima ligação com a escrita. São mais de 1.400 páginas dentro do intervalo de 1852 e 1887, sendo poucas delas com cópias datilografadas.

Há um destaque especial para um caderno de 1870, que lhe pertenceu. Destaque esse por causa da qualidade de preservação. Com capa de couro, o caderno é de encadernação “imperial” em chagrém verde, de artista anônimo, dividida em compartimentos geométricos, em padrões uniformes e losangos e triângulos forrados de chagrém verde, aplicados sobre as pastas e gofrados com mandrágora heráldica. O losango central tem as armas do Império gravadas em dourado, com detalhes rubricados à mão. Lombada com nervuras e seixas gravadas em dourado. Guardas em papel fantasia dourado-branco – proveniente da Coleção D. Thereza Christina Maria.

À Encadernação pertencente a Imperatriz Thereza Christina, 1870, acervo Biblioteca Nacional.

Foi justamente com inspiração neste lindo caderno, que nós, da Von Regium, decidimos trazer à tona a memória da Imperatriz D. Thereza Christina e levar um pouquinho dela até vocês.

Planner "Memórias da Imperatriz comercializado pela Von RegiumPlanner “Memórias da Imperatriz comercializado pela Von Regium

Para você, artista, que que um espaço digno para compor a letra de suas músicas; para você, poeta, que quer um lugar inspirador para escrever seus poemas; para você, estudante, que quer levar à sua escola seu orgulho do Brasil e do Império; para vocês, mulheres, que gostariam de se espelhar em qualidades da nossa culta imperatriz; para você, viajante, que quer escrever sobre suas viagens e experiências pelos mais diversos lugares do Brasil e do mundo; enfim, para você, patriota, que quer ter mais um motivo em suas mãos para se orgulhar da História da sua Nação, este caderno foi minuciosamente pensado com esse intuito!

Sinta o amor por nossa História por entre as páginas deste caderno e, escreva você, a parte da sua própria História por essas, ainda em branco, páginas cheias de orgulho real.

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Referências:
FÉLIX, Rodrigo da Silva. Dona Teresa Cristina e os rastros de memória: entre a invenção da mulher-monumento e a escrita em si. Orientador: Alexandre de Sá Avelar. 2014. 166 p. Dissertação (Pós-graduação História) – Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG, 2014. Disponível em: https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/16473/1/DonaTeresaCristina.pdf. Acesso em: 9 maio 2020.
SCHWARCZ, Lilia Moritz (1998). As Barbas do Imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos 2ª ed. São Paulo: Companhia das Letras.
Zerbini, Eugenia (2007). «A imperatriz invisível». Rio de Janeiro: SABIN. Revista de História da Biblioteca Nacional.

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